quinta-feira, 8 de abril de 2010

SUPORT MÉDIO (ENEM) | 1º ANO | CINE SESSION

BEM-VINDO AO DESERTO DO REAL:
NEM TUDO É O QUE PARECE...

Dando início à série de debates de filmes, assistimos hoje à MATRIX. A proposta é discutir questões que intrigaram muitos filósofos da antigüidade, sobretudo os gregos: o mundo em que vivemos é uma ilusão? Qual seria a natureza da realidade? Um fenômeno da matéria ponderada ou um subproduto de nossas mentes? Se você descobrisse que a realidade era uma farsa, que atitude você tomaria? Preferiria encarar a verdade, qualquer que fosse, ou a recusaria para viver numa mentira? Esses e outros questionamentos farão parte do debate da próxima aula de português: REALIDADE VS. ILUSÃO; AUTENTICIDADE VS. INAUTENTICIDADE.

Quem não assistiu, trate de assistir para ficar bem inteirado na discussão, pois faremos diversas referências a trechos do filme. Para deixar vocês um pouco mais preparados para ter o que dizer, leiam o texto abaixo. Boa leitura.

O MITO DA CAVERNA
Autor: Platão, filósofo grego, discípulo de Sócrates

Livro: A República, cap.VII


Imaginemos homens que vivam numa caverna cuja entrada se abre para a luz em toda a sua largura, com um amplo saguão de acesso. Imaginemos que esta caverna seja habitada, e seus habitantes tenham as pernas e o pescoço amarrados de tal modo que não possam mudar de posição e tenham de olhar apenas para o fundo da caverna, onde há uma parede. Imaginemos ainda que, bem em frente da entrada da caverna, exista um pequeno muro da altura de um homem e que, por trás desse muro, se movam homens carregando sobre os ombros estátuas trabalhadas em pedra e madeira, representando os mais diversos tipos de coisas. Imaginemos também que, por lá, no alto, brilhe o sol. Finalmente, imaginemos que a caverna produza ecos e que os homens que passam por trás do muro estejam falando de modo que suas vozes ecoem no fundo da caverna.

Se fosse assim, certamente os habitantes da caverna nada poderiam ver além das sombras das pequenas estátuas projetadas no fundo da caverna e ouviriam apenas o eco das vozes. Entretanto, por nunca terem visto outra coisa, eles acreditariam que aquelas sombras, que eram cópias imperfeitas de objetos reais, eram a única e verdadeira realidade e que o eco das vozes seriam o som real das vozes emitidas pelas sombras.
Suponhamos, agora, que um daqueles habitantes consiga se soltar das correntes que o prendem. Com muita dificuldade e sentindo-se frequentemente tonto, ele se voltaria para a luz e começaria a subir até a entrada da caverna. Com muita dificuldade e sentindo-se perdido, ele começaria a se habituar à nova visão com a qual se deparava. Habituando os olhos e os ouvidos, ele veria as estatuetas moverem-se por sobre o muro e, após formular inúmera hipóteses, por fim compreenderia que elas possuem mais detalhes e são muito mais belas que as sombras que antes via na caverna, e que agora lhes parece algo irreal ou limitado.

Suponhamos que alguém o traga para o outro lado do muro. Primeiramente ele ficaria ofuscado e amedrontado pelo excesso de luz; depois, habituando-se, veria as várias coisas em si mesmas; e, por último, veria a própria luz do sol refletida em todas as coisas. Compreenderia, então, que estas e somente estas coisas seriam a realidade e que o sol seria a causa de todas as outras coisas. Mas ele se entristeceria se seus companheiros da caverna ficassem ainda em sua obscura ignorância acerca das causas últimas das coisas. Assim, ele, por amor, voltaria à caverna a fim de libertar seus irmãos do julgo da ignorância e dos grilhões que os prendiam. Mas, quando volta, ele é recebido como um louco que não reconhece ou não mais se adpata à realidade que eles pensam ser a verdadeira: a realidade das sombras. E, então, eles o desprezariam....

Leiam e releiam cuidadosamente (e reflitam, principalmente).

3 comentários:

Gabriela Ferreira disse...

Jeff, pelo que eu entendi do texto muita gente só enxerga "um lado" do mundo, poucas pessoas vão atras para ver os dois lados para comparar as duas coisas. Muita gente simplismente aceita o que escultam, não vão atras para descubrir que o mundo não é como agente acha o mundo tem muito mais do que agente pensa. E quando tem uma pessoa que tem a coragem de ir atras e descobri a "verdade" os outros começam a ver essa pessoa como um "doido" por ignorancia e desconhecimento dos outros.
- Gabi
até amanhã

JEFFERSON CLAUSE disse...

Exatamente, Gabi. Muitos filósofos acreditam que o mundo material não é a verdadeira realidade, mas apenas uma sombra da realidade. Como você pôde perceber no Mito, somos comparados a pessoas que nasceram na escuridão de uma caverna, enxergando parcialmente as formas dos objetos e acreditando piamente que tudo o que vêem é o mundo real. É quase como você imaginar um garoto que acha que o seu quarto é a única realidade do mundo. E, como bem falou o personagem Morfeu no filme Matrix: "Já teve um sonho tão nítido que parecia real? E se você nunca acordasse? Como saberia o que era realidade e o que era sonho?" Está aí algo importante para refletirmos. Talvez a gente tenha se conformado, se acostumado tanto com nosso mundo que não questionamos se as informações transmitidas pela imprensa, pela mídia, pelas religiões ou pelos governos são verdade ou ilusões estrategicamente criadas para nos manter sob controle, assim como os homens na Caverna do mito.

Gabriela Ferreira disse...

Pois é Jeff, como foi dito hoje na aula agente praticamente mora em um mundo que muita gente independente da idade não conhece bem o mundo.
-Gabi